Ao substituir o PIB (Produto Interno Bruto) pelo FIB (Felicidade Interna Bruta), país é conhecido pela terra onde a satisfação fez moradia e a tristeza não tem visto de entrada
Na maioria dos países ao redor do mundo, o Produto Interno Bruto (PIB) – a soma em valores monetários de todos os bens e serviços finais produzidos em um país – é a principal régua para medir o desenvolvimento de uma nação. Basicamente com viés financeiro, o medidor nem de longe pode ser comparado ao FIB, termo cunhado pelo Governo do Butão, desde 1972, para analisar a satisfação de seus moradores. Assim, utilizando a “Felicidade Interna Bruta” como representação do crescimento anual, o Butão foi autoproclamado o país mais feliz do mundo. Esse conceito foi batizado pelo rei Jigme Khesar Wangchuck, pai do atual monarca, homônimo, ao proclamar que a felicidade dos butaneses era mais importante do que o somatório das riquezas produzidas no país, assim, preconizando os anseios da população, de forma democrática, para uma avaliação do país.
Localizado entre a China e a Índia, na Cordilheira do Himalaia, o pequeno reino asiático tem clima tropical, parecido com o do Rio de Janeiro, mas acaba aí a semelhança já que seu território é pouco maior que o estado do Rio, embora conte com população de apenas 800 mil habitantes, menor do que a cidade Nova Iguaçu, em termos comparativos. Não apresentar números tão expressivos parece ser um dos fatores que facilitem o caráter intimista do Butão, onde a família real, apesar de venerada pela população, não deixa de levar uma vida próxima ao comum de toda a sociedade, andando pelas ruas entre os butaneses e provando que a simplicidade é a chave do sucesso para o aumento do FIB. Tudo isso somado às paisagens paradisíacas do país, também conhecido como “o último Éden do mundo” – em alusão ao paraíso descrito na Bíblia judaico-cristã – por conta de suas florestas preservadas, rios de águas cristalinas e da riqueza de sua fauna e flora.
E a entrada nesse paraíso é estritamente limitada. O Governo butanês controla rigorosamente a presença de turistas e exige que os interessados em conhecer o país, fechem, antes, um pacote com uma das operadoras de turismo para liberar o visto obrigatório aos estrangeiros. E não é nada barato: com pacotes entre US$ 200 a US$ 250 dólares por dia, dependendo da época do ano – a alta temporada vai de março até maio ou entre setembro e novembro), o contrato inclui guia, motorista, hospedagem em hotéis (de 3 a 5 estrelas) e livre acesso aos principais pontos turísticos do país. Falando em lugares imperdíveis em uma visita ao Butão, a primeira dica é conhecer Taktsang, o Ninho do Tigre, o monastério mais sagrado do Butão. Reza a lenda local que o guru Rinpoche, responsável pelo budismo no país, chegou ao Butão voando em um tigre alado e espantou um demônio que vivia na montanha onde o templo foi construído posteriormente, sobre o ninho feito pelo animal.
Visite também o Forte de Drugyel, um memorial que homenageia Zhabdrung Ngawang Namgyal, que salvou o Butão de uma invasão do exército do Tibet, no século XVII. Outro lugar repleto de História é o Museu Nacional de Paro, que conta a trajetória do país por meio de máscaras, que são utilizadas durante o famoso Festival anual Paro Tshechu. Já o Punakha Dzong merece uma visita para entender a formação e a devoção dos monges budistas. Isso porque lá se encontra o Central Monastic Body, onde os monges em formação precisam morar por um tempo para aprofundar os estudos. Outra visita de cunho religioso é ao Buddha Dordenma, que abriga uma estátua gigantesca que celebra Jigme Singye Wangchuk, o Quarto Rei Dragão do Butão. Dentro da construção, existem nada menos que 100 mil estátuas do Buda.
Um passeio incrível e imperdível, tanto pela vista quanto pela experiência é a Ponte suspensa sobre o Rio PO (PO CHU). A imensa e fantástica ponte liga dois vilarejos e encanta turistas do mundo inteiro com a vista proporcionada. Mas não dá para visitar o Butão e não passear pelo Chimi Lhakhang, um dos locais mais curiosos da Ásia. De acordo com a crença local, o tempo, repleto de falos espalhados em pinturas e esculturas, guarda a fórmula da fertilidade, caso o visitante receba a benção de um grande falo de madeira. Por último, caso o turista sinta saudade do ocidente, vale uma visita à Thimphu para se deparar com um ambiente totalmente inusitado, se comparado às outras regiões do Butão. Assim como em qualquer outra grande cidade, o local conta com famosas redes de lanchonetes, lojas e restaurantes, em uma agradável contradição às tradições dos butaneses.