Um dos principais desafios impostos pela quarentena, cuidar de crianças durante o expediente remoto exige paciência e dedicação.
Desde o início da pandemia do novo coronavírus, uma das expressões mais utilizadas no mundo inteiro é o “novo normal”, uma espécie de nova rotina que garanta a nossa sobrevivência, em todos os sentidos. Muito além de medidas de prevenção que evitem o contágio da doença estão os cuidados com a saúde mental e as novas formas de relações pessoais e profissionais. Mas, quem tem filhos em casa, sabe bem que essas mudanças já acontecem, no mínimo, desde a segunda quinzena de março, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) determinou a exigência de um isolamento social e 46% das empresas brasileiras – de acordo com pesquisa da Fundação Instituto de Administração (FIA) adotaram o sistema de home office no Brasil e todas as escolas paralisaram as suas atividades.
Nessa nova rotina, pais e filhos passaram a dividir a casa, integralmente. E ao mesmo tempo em que isso pode ser incrível, por permitir mais tempo juntos, também é bastante desafiador. E, claro, coube aos adultos orquestrarem a conciliação do ambiente doméstico com as funções do escritório e as aulas virtuais das crianças. Isso tudo ao mesmo tempo em que todos passaram a lamentar a não possibilidade de frequentar os locais de lazer, não importa a idade. Se os mais velhos têm a capacidade de absorver mais mudanças e apresentar mais resiliência – até pela necessidade de manter o controle da situação, quando se tem filhos – a mesma habilidade não se pode esperar das crianças. Basta lembrar de quantas vezes você foi interrompido em uma reunião virtual por uma fala infantil, bem como teve lidar com a frustração dos pequenos pela saudade da escola e dos amigos.
E para lidar com a ansiedade provocada pela incerteza de quando tudo isso vai acabar, cabe mesmo aos pais aprender a lidar com a situação da melhor maneira, tanto para a própria saúde mental quanto para o bem estar dos pequenos. O primeiro passo para isso é estabelecer e cumprir uma rotina, que contemple tudo: trabalho, estudo, alimentação, sono e lazer. A rotina é responsável por “dar ordens” ao cérebro, que passa a atuar melhor com ações previstas e organizadas. Para isso, se faz importante o cumprimento de horários para cada uma das atividades, sem interrupção, facilitando assim a capacidade de concentração e reduzindo a ansiedade pelo próximo momento.
A segunda dica é separar, fisicamente, o ambiente de trabalho do ambiente de lazer e de estudo. Pais precisam de uma estação de trabalho para manter a concentração e organização, sem a interrupção dos sons infantis da TV, videogame, smartphones, tablets e computadores. Assim como, durante a aula virtual, a criança precisa do máximo de atenção possível para manter a concentração do que é dito e proposto pelos professores. É preciso que pais e filhos respeitem os espaços durante o horário estabelecido. Claro, pausas podem ser feitas durante o horário de trabalho, para auxiliar os filhos no que realmente é necessário, mas isso não deve valer para distrações evitáveis.
Por último, e mais importante, está a comunicação com os filhos. Diferente das dicas anteriores, práticas, este passo é totalmente subjetivo e exige fala assertiva para a educação dos pequenos e ouvido atento para entender os seus anseios. Dependendo da idade da criança, vale a pena ser bem didático, demonstrando as divisões dos horários de forma lúdica para demonstrar como funcionam os horários. Para isso, a rotina e a divisão geográfica da estação de trabalho, lazer e estudo são grandes aliados. Fica mais fácil demonstrar para as crianças que, por exemplo, após o café da manhã e antes do almoço, os pais estão trabalhando – bem como após o almoço e antes da janta. Assim, também, ilustrar o horário de estudo estabelecido pela escola da criança, divididas pelas refeições. Outras formas de ilustração de horários, para crianças perceberem a noção do tempo, é a observação de noite e dia (claro e escuro), por exemplo.
Mas vale ressaltar que o mais importante é o compromisso com o que foi estabelecido, seja na rotina, separação de ambientes ou na comunicação com a criança. Se prometeu que a criança pode brincar após a aula, por exemplo, cumpra. E, claro, tente aproveitar ao máximo a chance de acompanhar o crescimento delas, assim, tão de perto. Por mais desafiador que seja, há muito também a se aproveitar com essa rotina de isolamento. Todos iremos lembrar da quarentena, portanto, por que não construir as melhores lembranças possíveis, diante de tantos desafios?!