É difícil acreditar, mas um país da grandeza territorial da Alemanha vem enfrentando um problema comum a pequenas nações: a falta de mão-de-obra qualificada para determinados segmentos. Prova disto é que, em decisão inédita, partidos da coligação adotaram uma nova legislação que facilita a imigração de trabalhadores, especialistas em alguns setores da economia. A decisão, que facilita o acesso ao mercado de trabalho por parte de estrangeiros extracomunitários qualificados, uniu partidos de diferentes ordens ideológicas, como o SPD, social-democrata, e os conservadores CSU e CDU, combatendo a onda de crescimentos da extrema-direita alemã, contrária à entrada de requerentes de asilo político.
As vagas são bem específicas, para autorização de residência e visto de trabalho por 6 meses: há oportunidades em áreas como informática, matemáticas e setores como a restauração. Caso os candidatos conquistem e mantenham, de fato, um emprego no país, o semestre de autorização pode ser prorrogado, sob a condição de que os estrangeiros dominem a língua alemã. Em setembro deste ano, a Alemanha registrou 338.200 vagas de emprego nas áreas de informática, matemática e tecnologias da informação, de acordo com o jornal Handelsblatt.
De acordo com o projeto, que terá início em 2019, há limitação para o visto de trabalho, restrito a profissionais comprovadamente capazes de desempenhar as funções onde há escassez de mão-de-obra. Nas grandes linhas do projeto, os três partidos ressaltam que não querem “uma imigração de pessoas não-qualificadas vindas de países terceiros”.
Embora, em 2015, tenha sido contrário à política de acolhimento de refugiados, em decisão adotada pela chanceler, Angela Merkel, o ministro do Interior (CSU), Horst Seehofer, reconheceu que a Alemanha “precisa de trabalhadores de países terceiros”.
Vale ressaltar que a medida, embora abra as portas do país, em verdade limita a entrada, restringindo-a profissionais especializados. A decisão do Governo alemão, então, visa diminuir a entrada de pessoas, ao mesmo tempo em que garante que permaneça no país apenas quem se firme no mercado de trabalho, combatendo outro problema no país: o alto índice de estrangeiros desempregados.