Saiba maneiras de distrair as crianças quando todos estão em casa ao mesmo tempo.
As férias de julho chegaram e com ela um sentimento dúbio para moradores da mesma casa. Essa é a realidade de quem tem filhos e, ao mesmo tempo, está trabalhando no formato home office por conta da pandemia do novo coronavírus. Enquanto as crianças se mostram super animadas para o período sem aulas e com vasta possibilidade de diversão, os pais, muitas das vezes, sequer conseguem ter algum tempo livre durante o dia de trabalho para dar conta da atenção que uma criança necessita.
O primeiro ponto a ressaltarmos é: não foi a criança que apareceu na câmera na hora da reunião. Não foi o choro dos filhos que invadiram a crise com o cliente. Não foi o barulho de desenho animado que atrapalhou o raciocínio do e-mail. Ao contrário. Foi o trabalho, em meio à pandemia, que invadiu as nossas casas. Se para adultos é difícil manter a concentração entre a música do vizinho e o doce que parece ficar esperando na geladeira, imagine o quanto mais é para uma criança que vê os pais em casa, em tempo integral, como outrora somente nos fins de semana, mas precisa entender que eles não estão disponíveis.
Dito isto, a primeira e mais importante dica é manter a paciência com os pequenos que, além da falta de atenção dos pais, que estão trabalhando, ainda têm de lidar com o fato de não poderem sair de casa, por conta das restrições impostas pela pandemia. Com isso, o grande desafio é manter as crianças entretidas e, claro, alimentadas. Daí vem a segunda dica: essa é a oportunidade de dar autonomia aos pequenos. Fora as grandes refeições, como café da manhã, almoço e janta, todos os outros lanches devem ser ensinados para que as próprias crianças – obviamente respeitando a complexidade da tarefa por faixa etária – se sirvam.
Seja um sanduíche que não precise utilizar a faca, seja um biscoito, cereal, leite, suco ou achocolatado, entre tantas outras opções, vale ensinar a tarefa aos filhos para que eles mesmo se sintam capazes de servirem-se. Outra importante dica, em seguida, é manter as crianças o mais próximo possível de suas rotinas. Ou seja: a hora de dormir, acordar e fazer refeições deve ser respeitada para que o desrespeito momentâneo aos hábitos se torne um problema no futuro.
E essa rotina abriga, claro, a sua hora de trabalho. Você precisa definir horários e sinais de tempo e espaço que mostrem para a criança que, por exemplo, enquanto você estiver em frente ao computador, deve haver um trato com a criança de que é o seu horário de trabalho, mas que ela pode acionar você, caso necessário. E estabelecer o “necessário” é importante porque crianças tendem a respeitar tratos que ela participou da negociação.
Por outro lado, vale que o adulto também respeite o seu tempo com a criança. Para isso, durante as refeições, pausas do trabalho e horários fora do expediente, é importante estar integralmente na companhia da criança, sem a distração do smartphone e do computador. Falando em tecnologia, use-a em seu favor: em momentos críticos do trabalho, serviços de streaming podem ser utilizados para entreter as crianças. Autorizar jogos em smartphones, computadores e videogames também fazem parte de um bom acordo, desde que sejam estabelecidos limites de tempo.
No entanto, a principal aposta deve ser em trabalhos manuais. Estimule a criação de desenhos, por exemplo, que possam estampar a sua mesa de trabalho ou mesmo decorar as paredes da casa. Outra solução é criar uma rotina de cuidado com as plantas e animais da casa. Isso resolve duas questões ao mesmo tempo: faz com que a criança tenha a oportunidade de lidar com responsabilidades compatíveis com sua idade, como colocar ração e água ou regar as plantas, por exemplo.
Estimular a leitura, criando um sistema de bonificação também é válido, caso a criança não seja muito adepta ainda aos livros. Esse estímulo, mesmo que de forma compensatória, concedendo tempo a mais em outra tarefa do agrado da criança ou em forma de sobremesa e guloseimas, fará com que a criança crie o hábito da leitura. Você pode compensá-la a cada número de páginas ou mesmo por cada livro que ela leu. Você pode, por exemplo, conceder uma hora a mais acordada, contando que a criança use esse tempo para ler. É importante, também, separar um tempo do dia para ler ao lado da criança, ensinando pelo exemplo.
Por último, mas não menos importante, é válido respeitar também o momento de tédio da criança. O ócio estimula a criatividade e fará com que a criança crie, sozinha mecanismos que possam ajudá-la a buscar o que lhe agrada sozinha. Cada vez que um adulto promove o entretenimento, a criança entende que esse ato depende de outra pessoa e não somente dela. Dê espaço para seu filho criar histórias e brincadeiras. No futuro, você vai se lembrar desse estímulo à capacidade dela em desenvolver ideias criativas.