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Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia: as histórias dos carnavais brasileiros

O carnaval brasileiro, assim como o Brasil, não deve ser tratado no singular, e sim no plural. Por isso, quando se trata de falar sobre o evento, é correto que pensemos nos eventos, e todo seu potencial de pluralidade nas influências, nas dinâmicas sociais e na própria execução da festa.

Por isso, e para ilustrar esta ideia, nada melhor que abordar três das principais manifestações dos carnavais brasileiros: a festa da cidade do Rio de Janeiro, de Salvador, na Bahia, e do estado do Pernambuco, representado principalmente pelas cidades de Olinda e do Recife.

Em uma primeira análise histórica, estas três localidades da costa brasileira detiveram, em períodos diferentes, o protagonismo nacional, seja em termos políticos, econômicos ou sociais. Salvador é a primeira capital colonial, Pernambuco foi uma grande capitania, reconhecida pela produção açucareira e marcada pela invasão do holandesa de Maurício de Nassau, e o Rio de Janeiro funda o Brasil moderno, urbano, com aspirações cosmopolitas.

O que está por detrás destas colocações é o fato que, em cada um desses locais, a força produtiva era movida por negros escravizados e populações ameríndias brasileiras. Ao mesmo tempo, o controle dominatório era exercido pela cultura europeia, ocidental. O que temos então, e dentro das contingências regionais que influenciam e são influenciadas pelas culturas, é este sincretismo genuinamente brasileiro. Uma colisão de forças motrizes que inventa algo novo.

E aonde está o carnaval em meio a isso tudo?, pode ser a pergunta que vem a cabeça do leitor atento. De fato, o carnaval está no meio disto tudo. A festa detém uma raiz inegavelmente teatral, de cortejo, que está presente nas culturas ocidentais, greco-romanas, no candomblé de matriz africana, onde a própria celebração é um ato de encenação, e na cultura indígena, tanto na religião, quanto em sua diversa mitologia e na influência marcante nos ritos de umbanda.

A rítmica é, talvez, o ponto central de toda esta análise. Um vetor que se entrelaça na história das festividades destes três pontos. Por um lado, percebemos que as instrumentações predominantes nas festas cariocas, baianas e pernambucanas são, de forma homogênea, uma mistura das influências trazidas pelos povos que majoritariamente colonizaram o Brasil. Dos europeus, a influências das guitarras ibéricas e do pandeiro, advindo do norte da África. Dos negros escravizados, toda a gramática dos batuques de matriz africanas, que formam o candomblé como representação ancestral e religiosa. E por fim, dos indígenas, como os chocalhos e outros tambores, que por sua vez se misturaram com a instrumentação africana.

Neste ponto, nascem diversas expressões culturais como o samba, o afoxé (ou axé), o maracatu, e o frevo, por exemplo. É evidente que existem outros pontos conjunturais e históricos que formam estes gêneros, assim como eles se confundem em certos locais, como o samba de coco no nordeste, o samba do recôncavo baiano e outros exemplos. No entanto, é impossível de dissociá-los de sua gênese formadora.

Peguemos como exemplo o samba, o grande estandarte da cultura brasileira. Sua execução na bateria da Portela, uma das mais clássicas escolas de samba do Rio de Janeiro, está profundamente ligada à percussão do aguerê de Oxóssi, um toque de candomblé em louvor ao orixá das matas e da caça. Quando a escola está na avenida, ou quando um portelense como Zeca Pagodinho toca seus sambas, o aguerê é sempre executado. Na Bahia, o afoxé, gênese do axé music, também se apropria deste mesmo toque como sua base rítmica, tão conhecida pela execução de conjuntos como o Olodum, por exemplo.

Os cortejos também são, em si, uma marca profunda das culturas colonizatórias brasileiras. De fato, sociedades têm a tendência inerente de criarem encenações como uma maneira de manter tradições vivas, criar um sentimento de ancestralidade, e por fim formar um léxico cultural completo. Não seria diferente com a cultural ocidental, africana ou ameríndia. Todas elas têm cânones teatrais importantes, como já falado, e acabam sendo vetor da ideia do cortejo como uma maneira de se representar e criar sua própria identidade, que no caso dos brasileiros, lhes foi arrancada a força, por sermos filhos do desterro, da escravidão e da aventura colonizatória.

O carnaval é, de uma maneira muito panorâmica, uma das grandes alegorias para o Brasil, principalmente em sua multiplicidade, pluralidade e até em sua contradição inerente à sua história. Seja no Rio de Janeiro, em Salvador ou em Pernambuco, em fevereiro, se encontra o que é este país: no que ele foi baseado, o que representa e suas aspirações caóticas e complexas. 

Esta característica complexa, difusa e sincrética da cultura brasileira não se limita ao ambiente do carnaval. De fato, este é um vetor étnico que influencia de forma diametral todos os âmbitos brasileiros. As cidades, a convivência, as dinâmicas sociais, as ruas. O nosso cotidiano guarda marcas de ancestralidade que estão vivas em qualquer esquina do país.

Assim como o Carnaval, a FINK celebra todos os dias a união, a diversidade, a criatividade, a alegria e a paixão. Isto está presente em nossa cultura corporativa, no pensamento e também em nossos atos. O Brasil está em presente no cotidiano, no carnaval e também em nossas vidas.

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