Cerca de 40% dos imigrantes brasileiros vivem nos Estados Unidos, país que encabeça a lista dos países que mais abrigam insatisfeitos com o Brasil. Somente em 2017, brasileiros investiram US$ 2,3 bilhões em imóveis estadunidenses.
De acordo com um estudo divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE), em julho deste ano, 3.7 milhões de brasileiros moram em outro país. O número, que considera a maior estimativa, aponta também outro dado surpreendente: cerca de 1.490.000 de brasileiros – ou seja, cerca de 40% do total – escolheram os Estados Unidos como país de destino, número superior a soma dos que moram em todos os países da Europa (1.010.330), Ásia (319.311), Oriente Médio (70.933), Oceania (18.500), África (15.594) e América Central (6.838).
No livro “Brasileiros nos Estados Unidos: Meio Século Refazendo a América (1960 – 2010), os pesquisadores Álvaro de Castro e Lima e Alanni Barbosa de Castro apontam que a comunidade brasileira nos Estados Unidos é mais integrada e qualificada do que a média de imigrantes de outros países. Isso se reflete no sucesso do brasileiro por lá, além da maior atratividade aos que moram aqui e alimentam o sonho americano: menor taxa de desemprego (5%) e maior renda domiciliar (US$ 55.463, anualmente). Ainda de acordo com a publicação, o nível educacional do imigrante brasileiro em solo estadunidense é considerado alto, já que 46% têm Ensino Superior incompleto – contra 35% dos demais imigrantes – e 30% conta com um diploma de curso Superior – contra 23%.
O perfil do brasileiro que vive nos Estados Unidos
Segundo o livro, 56% são mulheres, contra 44% de homens, a maior faixa etária é a de 30 a 44 anos (39%), seguida por 45 a 59 anos (26%), 20 a 29 anos (18%), 60 ou mais (10%) e apenas 7% entre menores de 20 anos. Outros dados importantes: 59% pagam aluguel, contra 41% que têm imóvel próprio. 52% gastam mais de 30% da renda com aluguel e 57% são casados. Os estados preferidos são: Flórida, seguido por Massachusetts, Nova York – Nova Jersey e Califórnia.
Crise política e econômica motiva saída de brasileiros
A grave crise política e econômica que assola o Brasil desde 2015 provocou um fenômeno de imigração. Em busca de países mais estáveis, com melhores oportunidades de emprego e com menor incidência de mazelas sociais como desigualdade social, violência e corrupção, um número considerável de brasileiros decidiu recomeçar a vida em solo estrangeiro. Para efeito de comparação, o número de brasileiros que entregaram declarações de saída definitiva do país mais do que dobrou desde 2011: de 8.170 para 21.717 declarados à Receita Federal.
Investimentos no exterior quase dobra
De acordo com dados do Banco Central, o perfil do brasileiro que deixa o país para recomeçar a vida no exterior, em geral, não é nada modesto. Somente em 2016, os imigrantes gastaram nada menos do que US$ 6.1 bilhões em imóveis, quase o dobro do investido em 2011, US$ 3.6 bilhões. Desse montante, mais de um terço foi gasto em solo estadunidense: US$ 2,3 bilhões, ou seja, mais do que o triplo do investido em Portugal, segundo na lista, com US$ 725 milhões. Destaque também para os valores registrados na França (US$ 589 milhões) e Itália (US$ 290 milhões).
Lista dos 15 países com mais brasileiros:
- Estados Unidos – 1.490.000
- Paraguai – 515.517
- Japão – 310.751
- Reino Unido – 300.000
- Portugal – 160.000
- Espanha – 150.000
- Itália – 132.000
- Guiana Francesa – 70.000
- Suíça – 60.000
- Alemanha – 59.338
- Líbano – 50.000
- Bolívia – 46.600
- Bélgica – 43.638
- Argentina – 42.921
- Suriname – 40.000